Casais que Dançam: amor em ação e movimento

Depois de alguma leve mas longa investigação sobre o amor nas relações:…. os ciclos Amores de Perdição e Amores de Salvação e a nova edição Amores de Arrebatamento exibido no início de janeiro, e o ciclo de cinema O Amor não é um Palíndromo exibido no último fim de semana, continuamos a nossa bonita busca até o Dia dos Namorados, mas desta vez em tom de celebração: tem coisa mais bonita do que ver um casal a dançar? E quando somos nós a dançar? Em busca de uma linguagem, de um encaixe, de um sincronismo, afinal somos sempre seres únicos abrindo os nossos corações para, em uníssono, pertencermos à linguagem do outro…

A dança é, talvez, a metáfora mais poderosa para o amor que flui. Tal como a vida em casal, ela exige presença, sintonia e a capacidade de ceder ao ritmo do outro sem perder o nosso. É na procura deste encaixe, deste sincronismo aparentemente impossível, que se constrói uma relação.

Desde tempos imemoriais, a dança tem desempenhado um papel central nas tradições que celebram o amor e a união. Em muitas culturas, a dança esteve presente nos rituais de matrimónio, simbolizando a harmonia e o compromisso entre os noivos. As danças nupciais medievais na Europa, ou as celebrações africanas e asiáticas, utilizam o movimento para representar o equilíbrio e a cooperação necessários para a vida a dois. Também na Grécia Antiga, Platão e Aristóteles destacavam a dança como uma forma de equilíbrio entre corpo e alma, uma ideia que ecoa na busca de harmonia entre dois seres numa relação amorosa.

A dança, no entanto, não é apenas uma tradição: é também um instrumento de transformação. No campo da terapia de casais, a dança tem sido usada como uma ferramenta poderosa para fortalecer a relação. Desde as práticas de dança de salão, que promovem a colaboração e a comunicação não verbal, até à abordagem terapêutica de Gabrielle Roth ou Marian Chace, o movimento é visto como um meio de desbloquear emoções e criar novos ritmos de convivência.

Como tributo a esta possibilidade de nos deixarmos guiar por um ritmo ou uma música nesta harmonia tão peculiar ou díficil de criar, vamos mostrar neste ciclo CASAIS QUE DANÇAM como a dança, como ação humana, transcende o movimento físico. Em "Silver Linings Playbook", Pat e Tiffany utilizam a dança como um espaço de cura e renovação, provando que o amor pode florescer mesmo entre imperfeições. Em "La La Land", Mia e Sebastian apresentam uma coreografia de sonhos e desencontros, lembrando-nos que o amor é tanto sobre aquilo que criamos juntos quanto sobre o que inspiramos no outro, mesmo quando os caminhos divergem.

Assim, ao celebrarmos o Dia dos Namorados com este ciclo, refletimos sobre o simbolismo da dança como linguagem universal. Ela representa a busca pelo encaixe entre dois seres únicos, numa coreografia onde autonomia e conexão coexistem. Porque amar, no final de contas, é isso: entrar no ritmo do outro sem perder o nosso, criando juntos uma melodia única e inesquecível.

_ENG

Couples Who Dance: Love in Action and Motion

After a light but extensive investigation into love in relationships, through the cycles LOVE: Perdition , LOVE: Salvation, and the latest edition LOVE: Ravishing, screened earlier in January, and the film cycle Love Is Not a Palindrome, shown last weekend, we continue our beautiful quest as Valentine’s Day approaches. This time, however, in a celebratory tone: is there anything more beautiful than seeing a couple dance? And what about when it’s us who are dancing? Seeking a language, a connection, a synchronization — after all, we are always unique beings opening our hearts to, in unison, belong to the language of the other.

Dance is perhaps the most powerful metaphor for love in motion. Like life as a couple, it requires presence, harmony, and the ability to yield to the other’s rhythm without losing one’s own. It is in the search for this connection, this seemingly impossible synchronization, that a relationship is built.

Since ancient times, dance has played a central role in traditions celebrating love and union. In many cultures, dance has been an integral part of marriage rituals, symbolizing harmony and commitment between the newlyweds. Medieval bridal dances in Europe, as well as African and Asian celebrations, use movement to represent the balance and cooperation essential to life as a couple. In Ancient Greece, philosophers like Plato and Aristotle highlighted dance as a means of achieving balance between body and soul — an idea that resonates with the search for harmony between two beings in a loving relationship.

Dance, however, is not just a tradition; it is also a tool for transformation. In the field of couples therapy, dance has been used as a powerful means to strengthen relationships. From ballroom dancing, which fosters collaboration and non-verbal communication, to the therapeutic approaches of Gabrielle Roth or Marian Chace, movement is seen as a way to unlock emotions and create new rhythms for coexistence.

As a tribute to this ability to let ourselves be guided by a rhythm or a melody within such a peculiar or difficult-to-create harmony, this film cycle COUPLES THAT DANCE, explores how dance, as a human act, transcends physical movement. In “Silver Linings Playbook”, Pat and Tiffany use dance as a space for healing and renewal, proving that love can flourish even amid imperfections. In “La La Land”, Mia and Sebastian offer a choreography of dreams and missed connections, reminding us that love is as much about what we create together as it is about what we inspire in the other, even when paths diverge.

Thus, as we celebrate Valentine’s Day with this cycle, we reflect on the symbolism of dance as a universal language. It represents the search for connection between two unique individuals, a choreography where autonomy and connection coexist. Because to love, ultimately, is this: to enter the rhythm of the other without losing our own, creating together a unique and unforgettable melody.

Próximo
Próximo

ALBA