Cinema PROSA

Ciclo
AMORES DE
ARREBATAMENTO

LOVE: RAVISHING Cinema Screenings

Amores que arrebatam são um turbilhão. Eles não pedem licença, não têm parcimónia, não medem consequências. São aqueles que nos deixam suspensos entre a realização plena e a destruição iminente. Onde encontramos beleza e fragilidade na mesma medida, como se cada momento fosse uma faísca à beira de se apagar. E, no entanto, é nesse limiar que habitam as histórias mais potentes – e, no caso do cinema, as mais inesquecíveis.

Começamos com Jude (1996), de Michael Winterbottom, uma adaptação do romance Jude the Obscure (1895), de Thomas Hardy. Este drama transborda a intensidade das paixões que desafiam convenções sociais. No final do século XIX, Jude enfrenta os preconceitos da sociedade vitoriana, enquanto a sua relação com Sue, sua prima, explora o peso da liberdade e do desejo num mundo rígido e pouco generoso. É uma história de paixão que não só os une como também os destrói, mostrando como, às vezes, o amor pode ser tanto uma salvação quanto uma condenação.

Já em The English Patient (O Paciente Inglês, 1996), de Anthony Minghella, baseado no romance homónimo de Michael Ondaatje (1992), encontramos uma narrativa que atravessa o tempo e a geografia, mergulhando numa relação proibida e profundamente arrebatadora. O filme entrelaça o passado e o presente, revelando um caso de amor que desafia os limites da ética e da lealdade. Sob o pano de fundo da Segunda Guerra Mundial, o amor surge aqui como algo que consome e transforma, tanto o corpo como a alma – uma chama que brilha até mesmo nos momentos mais sombrios.

O que estes dois filmes têm em comum? A impossibilidade. O amor, nestas histórias, não é uma escolha serena; é uma força que toma conta, que molda vidas e destinos, mesmo quando parece inevitável que conduza à ruína. Ambos nos mostram que o amor arrebatado não conhece fronteiras e que, por vezes, é mais sobre aquilo que nos faz sentir vivos do que sobre a felicidade propriamente dita.

Neste ciclo, queremos ouvir o que o cinema tem a dizer sobre os amores que desafiam tudo e todos. Será que o amor precisa sempre de ser compreendido para ser vivido? Ou, como Jude ou The English Patient nos mostram, há algo de profundamente humano em amar, mesmo sabendo que o preço será alto? Talvez a resposta esteja menos na resolução e mais no percurso – na intensidade de um olhar, no silêncio entre duas pessoas, na memória que perdura mesmo quando o mundo insiste em seguir em frente.

Que nos resta então destes amores? A lição de que amar é sempre um ato de coragem, ainda que seja também um salto no desconhecido. Porque, no final, é sempre o cinema que nos resgata, arrebatando-nos com as suas histórias. Afinal, mesmo quando o amor nos escapa, ele deixa uma marca – e, às vezes, essa marca é tudo o que precisamos para continuar.

(Curadoria de Alexandre Braga)


“JUDE” 1996 | M/16 | 2h03’ [UK]
De Michael Winterbottom
Sexta Dia 10/01 às 19h30

No final do século XIX, em Inglaterra, Jude planeia ir para a cidade e frequentar a universidade, mas casa-se cedo e torna-se pedreiro.
Quando a sua esposa o abandona, ele muda-se para a cidade, onde faz amizade com a sua prima liberal, Sue.


“THE ENGLISH PATIENT” 1996 | M/12 | 2h42’ [US] (O Paciente Inglês - PT)
De Anthony Minghella
Sábado Dia 11/01 às 19h30

No final da Segunda Guerra Mundial, uma jovem enfermeira cuida de uma vítima gravemente queimada num acidente de avião.
O passado dele é revelado em flashbacks, mostrando o envolvimento num fatídico caso de amor.


Todos os filmes do Cinema PROSA serão exibidos em pixel iluminado (ecrã QLED 65’’) em sala condicionada ao máximo de 24 espectadores.
Preçário

Membros: Entrada livre.
Não-membros: 3€

Trailers aqui: