Em MUNDOS POSSÍVEIS: TERRA convidamos-vos a mergulhar em duas obras cinematográficas que exploram a fascinante e provocadora ideia de estarmos presentes, seja física ou mentalmente, noutro planeta que espelha a nossa própria Terra. Os filmes em destaque são “ANOTHER EARTH” (2011), do realizador norte-americano Mike Cahill, e “HARD TO BE A GOD” (2013), do cineasta russo Aleksey German.

Este "Outra Terra" leva-nos numa viagem introspectiva e melancólica onde uma segunda Terra surge no céu, oferecendo a promessa de um novo começo. A protagonista, Rhoda, vê nesta réplica do nosso planeta a possibilidade de expiar os seus erros passados. Esta narrativa obriga-nos a refletir sobre a ideia de redenção e a utopia de um recomeço. Seria realmente possível desfazer os erros cometidos? Ou a essência humana traria consigo os mesmos dilemas e tragédias, mesmo num novo mundo?

Por outro lado, neste "É Difícil Ser um Deus" apresenta-nos uma perspectiva brutal e visceral. O filme de German é uma adaptação do romance homónimo dos irmãos Strugatsky, e retrata cientistas da Terra enviados para um planeta em que a civilização está estagnada num estado medieval. Aqui, a tentativa de intervir e melhorar este "outro" mundo revela-se tão complexa quanto frustrante. Esta obra levanta questões sobre a ética da intervenção e a dificuldade de impor mudanças externas a uma sociedade.

Ambos os filmes, apesar das suas abordagens distintas, convergem numa temática comum: a possibilidade de reavaliarmos e repensarmos os nossos atos através do prisma de um "outro" planeta. Esta ideia tem sido uma constante na ficção científica, desde "Solaris" de Tarkovsky até "Interstellar" de Nolan, onde o espaço e os outros mundos servem de espelho para as nossas esperanças e angústias mais profundas.

Através deste ciclo, queremos fomentar uma discussão filosófica sobre a capacidade humana de redenção e transformação. Será que a resposta para os nossos erros está realmente num novo começo noutro planeta? Ou precisamos encontrar a salvação dentro de nós mesmos, aqui e agora, enfrentando diretamente as consequências dos nossos atos?

Convidamos todos a juntar-se a nós nesta reflexão profunda e estimulante, onde o cinema serve como uma janela para novas possibilidades e nos desafia a pensar sobre a natureza humana e o nosso lugar no universo. Vamos, juntos, explorar estes mundos possíveis e questionar se a verdadeira mudança está no recomeço ou na aceitação e melhoria do que já temos.