Cinema e Filosofia (I)
‘The Leftovers’ em análise na Revista CINEMA 13 do IFILNOVA: o Instituto de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa.
No vasto interesse que a PROSA tem demonstrado nas artes narrativas e no seu poder transformador junto do público/espectador/viewer, temos vindo a partilhar informação sobre narratologia e filosofia, nestes últimos tempos.
Sobre a força da relação do cinema com a filosofia, é conhecido e assumido por leitores, investigadores e académicos que esta arte é um claro objeto narrativo deste exercício do pensamento na cultura e na vida humana, seja de uma forma direta como documento fílmico, seja através da sua capacidade de representação do real na condição de ‘container’ dos conflitos humanos e de todas as suas problemáticas e resoluções.
No caso destes ensaios publicados na revista CINEMA 13 do IFILNOVA - O instituto de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa, com o mote desta série da HBO não são cruzados somente cinema e filosofia, mas também o acolhimento destes dois na cultura popular: a filosofia como episteme é misturada, pensada, apreendida todos os dias, com este mapa de resoluções criadas por nós diante dos nossos conflitos humanos. A cultura popular tem sido a forma de acesso para muitas pessoas à filosofia, mesmo que nos seus primeiros ‘layers’ de entendimento.
’The Leftovers’ (é usado o título original em português) é uma série criada por Damon Lindelof e Tom Perrotta, sendo baseada num livro homônimo deste último. Conta-nos layers de histórias que começam três anos após o desaparecimento de 2% da população mundial em 14 de outubro de 2011. Cento e quarenta milhões de pessoas desapareceram, aparentemente sem explicação. Para onde eles foram? E por que eles desapareceram?
A série explora a nossa relação com os nossos sistemas de crenças, divindade ou determinismo, os poderes maiores em que atribuímos decisões inquestionáveis e imutáveis do universo e das nossas vidas.
Através de personagens muito bem desenhadas, crentes, ateus, agnósticos ou niilistas, todos semelhantes num mundo pós-desaparecimento em que a esperança de que o mundo possa fazer algum sentido foi definitivamente esvaziada.
Com a introdução de Susana Viegas e com estes seis artigos publicados, fazemos um mergulho nesta experiência narrativa sob a possibilidade de pensar profundamente nas questões filosóficas do que é este ser-no-mundo diante das suas expectativas, mas também da difícil gestão de aplicação dos seus conhecimentos.