Exposição Fotográfica de Nereu Afonso da Silva
Um dia, toca a campainha um vizinho que costumava nos presentear com mel, origamis e mudas de plantas.
Parado na soleira da porta, ele nos presenteava dessa vez com os treze pesados e antigos volumes da coleção Flora Brasílica.
Essa série de livros, planejada e iniciada pelo botânico F. C. Hoehne em 1940, foi publicada na ocasião pela Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.
As espécies ali catalogadas – e os desenhos que as acompanham – me instigaram a construir as imagens da série “Flora local”.
Como dispositivo inicial, decidi aliar procedimentos fotográficos arcaicos à tecnologia atual, e me propus a fotografar unicamente a flora presente no caminho entre a minha casa e a casa do meu vizinho.
Nereu Afonso da Silva iniciou-se na fotografia em 1988 em São Paulo (Brasil) onde fez cursos com Rosângela Rennó, João Musa e Millard Schisler.
Nos anos 90 trabalhou em estúdio e em laboratório p&b. Fotografou e escreveu, entre outros, para o jornal artes: e para a revista Boom (dirigida por Fernando Costa Netto).
Nos últimos 30 anos, tem se dedicado profissionalmente à escrita para o teatro, ao ensino, à realização de filmes e fotografias no Brasil e França.
Em 2006 venceu o Prêmio Sesc de Literatura.
As imagens de Flora Local foram construídas a partir de um processo rudimentar de captura fotográfica
(câmara estenopeica) aliada à tecnologia atual de tratamento digital de imagens.
Uma câmara estenopeica é uma câmara fotográfica sem lente. Em vez da objetiva, um buraco de alfinete (pinhole, em sua designação inglesa) é a estreita passagem por onde a luz penetra na câmara. Para a realização da série de fotografias de Flora Local, um meio de difração da luz foi incorporado ao processo.
Disso, resultam imagens difusas, de difícil controle e com resultado imprevisível, sobretudo se levarmos em consideração o tempo de exposição e as condições de captura fotográfica na natureza.
A expressão dessa imprevisibilidade foi reafirmada no tratamento digital em pós-produção. Somou-se a isso a restrição geográfica (o curto caminho entre a minha casa e a casa do meu vizinho) dentro da qual as fotografias foram captadas.
Com essas circunstâncias me propus olhar, construir – e agora partilhar – um pedaço dessa Flora Local.
INAUGURAÇÃO A 13 DE JUNHO DE 2025, ENTRE ÀS 18h30 E ÀS 22h00
PATENTE ATÉ 05 DE JULHO
Terças às sextas, das 15h00 as 19h00
Sábados, das 15h00 as 18h00