Começar a temporada dos ciclos de cinema PROSA começa a ser uma tarefa exigente mas que nos dá sempre muito prazer de partilha. 
Vamos começar o 2024 com Terrence Malick e o seu cinema arrojado, profundo e filosófico e com um tema (dentre os temas do seu cinema) que tem um grande impacto nas nossas vidas: como lidamos com o amor? Como gerimos o quanto damos, o quanto recebemos nesta troca espontânea que o amor evoca? Aqui, falamos do amor relacional, do amor romântico, do amor sobre o si próprio, do amor sacrificial, do amor na sua forma essencial.

Terrence Malick foi aluno atento do filósofo Steven Cavell, em Harvard em meados da década de 1960. Cavell é um dos filósofos contemporâneos que estuda profundamente o cinema e os dois mantiveram contato enquanto este procurava e encontrava o seu caminho nesta filosofia para o cinema.
As práticas do cinema e da filosofia beneficiaram, de facto, de vários diferentes tipos de relacionamento nos últimos cem anos. Houve filmes que se desenrolaram num registo filosófico, filmes sobre problemas filosóficos e filmes que tentam funcionar como a própria filosofia. Os maiores filmes, sem dúvida, muitas vezes se envolvem de maneira sutil e complexa com as questões mais desafiadoras da vida humana e é natural, portanto, pisar deliberadamente em território tradicionalmente ocupado por filósofos e teólogos.

A imersão do espectador nesta experiência deve-se ao uso de técnicas como câmaras de mão, planos detalhes, planos feitos com a estética do olho humano e com uso extensivo de lentes wide angle (grande angular) para criar um certo senso de imensidão e profundidade, imagens em slow motion e close-ups de elementos naturais, como plantas, água e animais, para criar uma sensação de imersão no ambiente e na paisagem do universo em que vivemos neste planeta. Essas técnicas permitem que o espectador experimente o mundo de uma forma mais profunda e íntima, e muitas vezes o levam a contemplar a beleza e a complexidade da natureza e da existência humana, que eventualmente ainda não tenham sido notadas.

Aqui, exploraremos a visão única de Malick sobre o amor e sua profunda conexão com o espírito humano, por meio de duas obras emblemáticas: 
Em "DAYS OF HEAVEN," somos levados a um cenário etéreo e contemplativo, onde o amor se desdobra em meio à natureza majestosa. Malick transcende os convencionalismos românticos, oferecendo uma perspectiva filosófica sobre o amor. Com sua narrativa poética e visual deslumbrante, transcende as limitações do romance convencional, explorando a profundidade do amor diante do espírito humano.

Em "TO THE WONDER", Malick mergulha ainda mais fundo na exploração filosófica do amor relacional. O filme examina a essência do relacionamento humano, destacando as complexidades e a efemeridade do amor romântico. Malick desafia de outra forma as convenções narrativas, utilizando imagens evocativas e reflexivas para explorar a natureza volátil das relações e o papel do amor no enriquecimento do espírito.

Terrence Malick, conhecido por sua abordagem contemplativa e sua paixão pelo cinema, cria histórias universais que transcendem as fronteiras do tempo e espaço. Seus filmes não apenas exploram o amor, mas também celebram a condição humana, convidando o público a refletir sobre sua própria existência.

Filmes e temas cuidadosamente selecionado pela PROSA, que continua a tradição de ciclos cinematográficos contundentes e acutilantes, promovendo uma abordagem filosófica do cinema. Após as exibições, convidamos todos a participar dos pós-debates, onde exploraremos análises factuais, trivia, análises psicológicas e narratológicas, enriquecendo ainda mais a experiência cinematográfica.

Vem!
Até breve.