Exposição Fotográfica de Rui Pereira
A série fotográfica “As This Moment Slips Away”, foi desenvolvida durante o período de “pandemia” e aborda sentimentos de incerteza, medo, perda mas também de descoberta, oportunidade, autoconhecimento, tomadas de consciência e de escolhas.
A série ganhou corpo em paralelo com a situação global que vivemos, mas acima de tudo também num campo mais introspetivo, poético e espiritual.
Rui Pereira
Escrever sobre imagens é correr o risco de ser redundante.
E, escrever sobre fotografias pode mesmo ser desconcertante se (des)orientar a fruição única devida a cada pessoa que se disponha a ouvi-las.
Se uma imagem valesse mais do que mil palavras para quê escrever sobre elas?
Nas imagens também haverá palavras e melodias, se no seu silêncio a poética nidificar.
Vamos então escrever sobre a obra fotográfica do Rui tentando fintar a redundância e o desconcertante.
Mas, antes de mais, ainda há que registar uma prévia declaração de interesses de quem viu crescer este ser numa serena localidade rodeada pelo mar, banhada por ventos agrestes povoados por ecos do espraiar das ondas no areal e pelos guinchos das gaivotas sobre os barcos a aportar para as azafamas da lota enquanto decorria a magia da revelação na alvura do papel nos líquidos de uma câmara escura.
Cumplicidades.
Desses pedaços de espaços são arquitectados com a perspicácia de quem faz a simbiose da natureza com o corpo que a habita, numa aparente solidão, onde a poesia esvoaça.
Dos trilhos deste seu caminhar, enquanto cada momento escapa, vão saltando as sonoridades silenciosas dos acasos procurados nos instantes que liberta quando os captura.
Há uma ética na sua estética que absorvendo referências várias, as integra depuradas na verdade da sua subtil voz e que nos soltam os sentidos num singular apetite de procurar o que não está explicito.
Nesse desafiar a desvendarmo-nos nas suas fotografias, oferece a sua estima e nos abraça como criadores do sentido nosso. Não descreve ditando o que devemos “armazenar”. Apenas resgata sementes de instantes para não escaparem aos humos dos abrigos dos olhares alheios como ninhos de poesia.
A depuração que alcança está carregada de elaboração. Faz estremecer por dentro, porque desfaz o espanto que bloqueia e liberta a criação no observador.
É por isso que aqui nos encontramos em “AS THIS MOMENT SLIPS AWAY”.
Isabel Silva
Ex-Directora do Centro Cultural Emmerico Nunes de Sines
INAUGURAÇÃO A 21 DE JUNHO DE 2022, ENTRE ÀS 18h30 E ÀS 21h30
PATENTE ATÉ 13 DE JULHO
Terças às sextas, das 16h00 as 20h00
Sábados, das 15h00 as 18h00