Pensamentos sobre uma filosofia da imagem I:

Jovens e Adultos
Com Alexandre Braga

“A imagem como naufrágio”: “Limite”, de Mário Peixoto e o visível, o gesto e o pensamento.
[1931 | 1h44’ | BR]

“Limite rompe com a narrativa convencional e nos obriga a perguntar: o que é uma imagem quando ela não explica? Que forma de pensamento se revela apenas com o olhar?”

O ciclo “Pensamentos sobre uma Filosofia da Imagem” inaugura com a exibição do filme Limite (1931), de Mário Peixoto — uma das mais enigmáticas e poéticas obras do cinema mundial. Com uma linguagem experimental, sem diálogos e estruturado como um fluxo de memórias visuais, Limite rompe com a narrativa convencional e nos obriga a perguntar: o que é uma imagem quando ela não explica? Que forma de pensamento se revela apenas com o olhar?

Após a projeção, propomos uma conversa aberta entre um pensador e um artista da imagem, seguida de debate com o público, sobre temas como imagem e tempo, imagem e silêncio, imagem como gesto filosófico e o corpo em dissolução diante da paisagem.

 Em um pequeno barco à deriva, duas mulheres e um homem relembram seu passado recente. Uma das mulheres escapou da prisão; a outra estava desesperada; e o homem tinha perdido sua amante. Cansados, eles param de remar e se conformam com a morte, relembrando as situações de seu passado. Eles não têm mais força ou desejo de viver e atingiram o limite de suas existências.

O homem, o mar, o tempo
À visão da capa da revista Vu, na qual a face feminina, de frente, olhos abertos e fixos, tem em primeiro plano mãos masculinas algemadas, Mário Peixoto associa outra, "um mar de fogo, uma tábua, uma mulher agarrada". Escrito em apenas uma noite e influenciado pela grave e dolorosa discussão do cineasta com o pai, o scenario de Limite se desenvolve a partir desta "proto-imagem", como a classifica Saulo Pereira de Mello, não-narrativa e fora da diegese do filme, na medida em que todos os demais planos são metamorfoses dela. Alegoria do tema que perpassa Limite, a imagem protéica articula os olhos da mulher (Olga Breno), as mãos algemadas e o mar de fogo para mostrar o desespero e a angústia humana diante da descoberta de sua limitação, bem como a impotência e perplexidade do homem quando confrontado à infinitude da natureza.

_ENG

Thoughts on a Philosophy of the Image I: “The image as shipwreck”: “Limite”, by Mário Peixoto and the visible, the gesture and the thought. [1931 | 1h44’ | [BR]
For young People and adults
With Alexandre Braga

“Limite breaks with conventional narrative and forces us to ask: what is an image when it does not explain? What form of thought is revealed just by looking?”

The cycle “Reflections on a Philosophy of the Image” opens with the screening of the film Limite (1931), by Mário Peixoto — one of the most enigmatic and poetic works of world cinema. With an experimental language, without dialogue and structured as a flow of visual memories, Limite breaks with conventional narrative and forces us to ask: what is an image when it does not explain? What form of thought is revealed just by looking?

After the screening, we propose an open conversation between a thinker and an image artist, followed by a debate with the public, on themes such as image and time, image and silence, image as a philosophical gesture and the body in dissolution before the landscape.

In a small drifting boat, two women and a man reminisce about their recent past. One of the women escaped from prison; the other was desperate; and the man had lost his lover. Tired, they stop rowing and come to terms with death, remembering situations from their past. They no longer have the strength or desire to live and have reached the limit of their existence.

Man, the sea, time To the vision of the cover of Vu magazine, in which the female face, facing forward, eyes open and fixed, has handcuffed male hands in the foreground, Mário Peixoto associates another, "a sea of ​​fire, a plank, a woman being held". Written in just one night and influenced by the filmmaker's serious and painful discussion with his father, the scenario of Limite develops from this "proto-image", as Saulo Pereira de Mello classifies it, non-narrative and outside the film's diegesis, to the extent that all the other shots are metamorphoses of it. An allegory of the theme that permeates Limite, the protean image articulates the woman's eyes (Olga Breno), her handcuffed hands and the sea of ​​fire to show human despair and anguish when faced with the discovery of one's limitations, as well as man's impotence and perplexity when confronted with the infinity of nature.

Alexandre iniciou seus estudos em música desde a infância, mas escolheu direcionar-se para a comunicação e o cinema ao ingressar na universidade, ainda em sua cidade natal, São Paulo (Brasil). Na época, trabalhou com produção e realização de spots publicitários. Anos depois de lançar seu primeiro curta-metragem de ficção, mudou-se para Lisboa (Portugal), onde fundou a BASE Comunicação Audiovisual, uma agência de comunicação audiovisual, gerindo contas especializadas de diversas marcas e produtos, enquanto com ideias mais artísticas, dedicou-se ao universo do poetry film, da ficção e do drama.

Retomando também suas atividades acadêmicas, e após fazer o mestrado em Desenvolvimento de Projeto Cinematográfico com especialização em Narratologia e Narrativas Cinematográficas concluiu o doutoramento em Ciências da Comunicação também com especialização em Cinema na Universidade Nova de Lisboa e atua hoje como investigador no IFILNOVA - Instituto de Filosofia da NOVA. Atualmente, também é professor de Comunicação Audiovisual em uma renomada escola profissional em Lisboa e é convidado frequentemente para ser consultor de histórias que procuram o seu êxito junto do espectador cinematográfico. Seu mais recente e atual projeto, focado em promover a partilha de narrativas como um meio de autocuidado terapêutico, foi a fundação da PROSA Plataforma Cultural, um espaço aberto à comunidade com atividades que utilizam o poder transformador das artes narrativas e visuais. Lá, com a sua curadoria e com a criação de um extenso grupo de espectadores de cinema, faz-se semanalmente a exibição de ciclos de cinema e filmes, seguidos de debates e análises.

(Filmografia)

"O amor, quando sopra", 6'30'' - 1988
"Mickey", 18’  - 1992
"Buritizal", 39' - 2008
"(Ce n'est pas une) Chanson d'Amour", 09'30'' - 2009
"Fiapo", 5' - 2010
"Um Fiapo de Homem" (Remixes), 3'/7' - 2011
"Devolvendo Isabel", 11’ - 2012
"Meu Pássaro", 15’ - 2017

25 de maio, às 17h00

Mín.: 4 participantes
Máx.: 16 participantes

Horário 1ª Edição:

5€
0€*

*Valores para membros Prosa.

Valores: