Cinema PROSA

Ciclo
SLOW HORROR III
(Especial PAIS & FILHOS)

“SLOW HORROR III (PARENTS Special Edition)” Screenings

Na última década, muitos termos surgiram para caracterizar o que parecia ser a revelação de um novo subgénero – um “novo” terror que misturasse a estética formal do cinema de autor, com a construção de uma experiência afetiva do medo e do ‘suspense’. Associados a filmes de baixo orçamento, produzidos por produtoras independentes norte-americanas como A24 ou Blumhouse, termos como Post Horror ou Elevated Horror tornaram-se comuns junto da crítica e do público, e surgiram para classificar uma “fuga” a um cinema de terror clássico, que se terá tornado repetitivo, aborrecido, rotineiro e formulaico ao longo dos anos. Aclamados pela critica por supostamente transcender o status quo do género de terror, os filmes associados a estes termos também conquistaram o público mais generalista e mais distante do terror, parecendo relegar para segundo plano e desvalorizar todo o outro terror dito mais comercial, com o objetivo de “fugir” ao género e torná-lo mais prestigiante.

No seguimento dos dois últimos ciclos realizados acerca do tema, destacamos novamente o Slow Horror como o termo que achamos fazer mais sentido para caracterizar esta nova tendência do género, este lado mais autoral, diferenciado ou experimental do terror. Aqui há uma tensão acumulada, um terror constante, um sentimento geral de algo está mal, e o foco é o de criar uma sensação de desconforto, pavor e ansiedade, privilegiando os aspetos visuais e auditivos do filme. Os filmes do Slow Horror utilizam muito o espaço como fonte do terror, a exploração da lentidão, os planos estáticos ou de pouco movimento, planos longos que ajudam à contemplação e introspeção.

Salientamos esta “lentidão” do terror porque, além de aumentar a tensão e apreensão, funciona também como uma reação contra a velocidade crescente do século XXI, uma resistência a um cinema de “aceleração”, de uma montagem cinematográfica e movimentos de câmara cada vez mais rápidos e caóticos do cinema de Hollywood pós-anos 1990, relegando para segundo plano os jump-scares, o sangue e o gore. São filmes que inovaram com as suas narrativas flutuantes, circulares e abertas, personagens ambíguas e psicologicamente complexas, e várias formas de manipulação espacial e temporal. Abordam temáticas como o luto ou a perda, o racismo, o coming-of-age, as relações matrimoniais ou familiares, a maternidade, a depressão, o comentário social, o isolamento, a solidão, as ansiedades sociais, entre outras. Esta estética lenta no Slow Horror eleva estes medos e apreensões que os filmes de terror mais convencionais optam por relegar para segundo plano ou ignorar.

Neste terceiro ciclo dedicado ao Slow Horror, resolvemos exibir dois filmes europeus que, usando características e temáticas associadas a este novo conceito do terror, exploram o espaço doméstico e as relações familiares, criando tensão e ansiedade crescentes, até à inevitável conclusão de choque, surpresa e espanto. Miss Violence (Alexandros Avranas, 2013) começa com um acontecimento trágico que, à partida, afectaria qualquer família, mas que aqui todos elementos parecem continuar a viver como se nada tivesse acontecido. As razoes para essa “normalidade” vão sendo gradualmente reveladas e vamos descobrindo o que de assustador acontece no seio desta unidade familiar hermeticamente fechada. Em Goodnight Mommy (Severin Fiala e Veronika Franz, 2014), uma mãe e dois filhos gémeos vivem numa casa de campo isolada no meio do bosque. A mulher encontra-se revestida de ligaduras após uma operação plástica ao rosto e , ao longo do filme, vai surgindo a dúvida nos irmãos (e em nós, espectadores) se aquela pessoa será mesmo a mãe deles. Com referências estilísticas ao nível de Haneke, estes são filmes onde o uso dos silêncios, a exploração do espaço e o ritmo lento permitem um aumento gradual da incerteza, da ambiguidade e do suspense, criando, assim, uma experiência de terror e medo muito características do Slow Horror.

Curadoria de Fábio Sequeira.


“MISS VIOLENCE” 2013 | M/16 | 1h38’ [GR]
De Alexandros Avranas
Sexta Dia 17/05 às 19h30

Após uma tragédia, uma família parece continuar a viver como se nada tivesse acontecido. As razōes para essa aparente “normalidade” vão sendo gradualmente reveladas, à medida que desvendamos o que de horrível acontece no seio desta unidade familiar hermeticamente fechada.



Todos os filmes do Cinema PROSA serão exibidos em pixel iluminado (ecrã QLED 65’’) em sala condicionada ao máximo de 24 espectadores.

Preçário

Membros: Entrada livre.
Donativo sugerido para não-membros: 3€

“ICH SEH, ICH SEH” 2014 | M/16 | 1h39’ (Goodnight Mommy - ENG) [AT]
De Severin Fiala + Veronika Franz
Sábado Dia 18/05 às 19h30

Dois irmãos gémeos vivem com a mãe numa casa isolada no meio do bosque. Depois de a mãe passar por uma cirurgia estética ao rosto, as crianças questionam-se se, por baixo das ligaduras, estará realmente a sua mãe.

Trailers aqui: