Antecipando o Dia de Todos os Santos, ou de Finados, a 1 de novembro, escolhemos dois filmes que evocam a morte. Ao colocá-la perante os seus protagonistas, e convidando-nos a identificarmo-nos com eles, são filmes que evocam também a nossa própria morte.

Separados de 43 anos e realizados por dois cineastas de cada lado de um oceano, no Japão e nos EUA, estes dois filmes apresentam-nos a morte, não como um fim, mas como um momento charneira, que recebe o seu sentido do antes e do depois desse momento.

Em Viver (Ikiru, Akira Kurosawa, Japão, 1952), são-nos apresentados os últimos dias na vida de um funcionário a quem foi diagnosticada uma doença terminal. No tempo que lhe resta, tenta encontrar algo que consiga ainda resgatar o sentido da sua existência, consumida até aí em secretárias e papéis. E parece encontrá-lo.

Já em Homem Morto (Dead Man, Jim Jarmusch, EUA, 1995) temos um filme que transmite profundamente a força simbólica da morte. Aqui, o protagonista, ferido mortalmente, não procura o seu sentido, mas recebe-o de um índio norte-americano. A sua viagem rumo ao mar, já como moribundo, é o início da passagem, ou do retorno, que o índio lhe prepara com uma dignidade quase festiva, para que a vida se feche, sem angústia, em sublime perfeição.