Cinema PROSA

Ciclo
DIANTE DO FIM

[Um olhar sobre a separação dos pais na observação dos filhos]

FACING THE END Screenings

O amor quando chega e irrompe a vida de um casal, traz com ele um sabor doce, especial de cumplicidade, de intimidade, de identificação. Tão doce que parece vir revestido de uma enorme camada de açúcar ou mel. Por alguns anos ou por muitos, este poderoso sentimento invade a vida destes casais e faz com que eles façam planos, tenham filhos e queiram construir uma relação "sólida"!
Vem os anos, o excesso de responsabilidades, as críticas, as intolerâncias, a ‘luta de egos’, e o que era doce, se torna terrivelmente amargo e pesado para conviver. A decisão pela separação é inevitável e chega normalmente, quando já há um desgaste tão grande na relação, que inviabiliza qualquer forma de resgate.

Essa decisão vem carregada por convicções e certezas absolutas, mas quando há filhos desta relação, as certezas se enfraquecem e entram em cena as inseguranças e os medos: como será que os filhos irão reagir? Será que irão sofrer? Ficarão deprimidos? Sentirão raiva porque tomamos essa decisão?

Tudo isso passa pela cabeça de muitos pais, juntamente com uma sensação enorme de fracasso.

Mas o que não é falado, ocultado, é sentido com uma intensidade colossal. Os filhos sofrem silenciosos em ver a infelicidade dos pais e aprendem da pior maneira que viver esta omissão, esta mentira é algo muito triste!
Quando finalmente os pais têm a coragem de olhar nos olhos dos seus filhos e dizer que precisam da separação para voltarem a viver, esta verdade parece aterradora. O facto é que esta verdade irá iluminar esta família de forma tão poderosa, que transformará tudo!
Mas normalmente os pais continuam a se sentir culpados. E os filhos não deixarão de os culpar ou em alguns momentos dizer que estão sendo penalizados por esta decisão, ou até mesmo realizar manobras emocionais fazendo-os sentir ainda mais "criminosos". Eles poderão julgá-los, sentenciá-los e no extremo, se afastar destes pais, mas sem dúvida, todos retomarão suas vidas gradualmente e todo esse aprendizado, mostrará que, independente de qualquer coisa, eles terão os pais ao lado e que essa relação não se acaba, ela possibilita muitas vezes, um vínculo ainda mais forte! Uma relação que se transcende e amadurece num ambiente de verdade!

Definitivamente temos que mostrar aos nossos filhos que somos humanos, que temos direito de revisitar nossas escolhas, avaliar os caminhos que queremos seguir!

Não há dúvida que esse é um processo dolorosíssimo, mas vem acompanhado de um enorme amadurecimento, que passa por um olhar honesto e verdadeiro para as nossas vulnerabilidades e pela possibilidade de libertá-los do fardo de ficar numa relação que já acabou, apenas para tentar que ela resulte a qualquer custo!

O cinema contribui para esta construção de significados sociais através da representação da realidade e nos mostra com olhar apurado que, quanto mais próximos da nossa verdade, mais prósperos e potentes seremos, transformando a nossa história, a gerar um impacto positivo a todos que estiverem ao nosso redor.

Texto de Leila Matheus Medeiros, psicoterapeuta que vive atualmente esta problemática na primeira pessoa.


”THE SQUID AND THE WHALE” 2005 | 1h21’ | M/16 (A Lula e a Baleia - PT)
De Noah Baumbach
Sexta Dia 24/02 às 19h30

Acompanhamos dois rapazes lidando com o divórcio de seus pais no Brooklyn (NY) na década de 1980.


”WILDLIFE”  2018 | 1h45’ | M/13 
De Paul Dano
Sábado Dia 25/02 às 19h30

Um adolescente lida com a resposta complicada de sua mãe depois que o seu pai os abandona temporariamente para aceitar um trabalho braçal e perigoso.

Todos os filmes do Cinema PROSA serão exibidos em pixel iluminado (ecrã QLED 65’’) em sala condicionada ao máximo de 24 espectadores.
Preçário

Membros: Entrada livre.
Não-membros: 3€


Trailers aqui: