Cinema PROSA
Ciclo
CINEMA QUOTING CINEMA
CINEMA QUOTING CINEMA Screenings
A PROSA convida-vos para o ciclo "CINEMA QUOTING CINEMA", onde exploramos como certos curtas-metragens influenciaram e modelaram incontornáveis longas-metragens. Em foco, estão dois pares de obras que dialogam profundamente: o poético “La Jetée” (1962), de Chris Marker, e a sua reinvenção em “12 Monkeys” (1995), de Terry Gilliam; o visceral “Elephant” (1989), de Alan Clarke, que inspirou Gus Van Sant no belíssimo “Elephant” (2003). Estas duplas revelam como o cinema reinterpreta e expande narrativas, criando novos significados ao traduzir temas e estruturas de um formato para outro. Este percurso convida-nos a refletir sobre as possibilidades criativas do cinema ao citar-se, ao mesmo tempo que desafia a forma como compreendemos a relação entre memória, tempo e a repetição de histórias.
A ficção científica foi um género menor nos EUA até à grande produção de 2001, Odisseia no Espaço, de Kubrick (1968), mas ainda na década de 60s, em França, já a adoptavam os grandes nomes da Nouvelle Vague. Chris Marker (La Jetée, 1962), Godard (Alphaville, 1965) e Truffaut (Fahrenheit 451, 1966) viram no género a possibilidade de repensar livremente o cinema, nomeadamente as estruturas narrativas convencionais.
Em La Jetée, Chris Marker faz um exercício radical com um resultado poderoso, capaz de perdurar no nosso século. É o primeiro filme que transpõe para o cinema o tema do tempo circular e da hipotética influência do futuro sobre o passado (já abordado na literatura, como no conto de 1881, “The clock that went backward”, de Edward P. Mitchell). La Jetée é uma curta-metragem de ficção composta inteiramente por planos fotográficos fixos, e assim põe em diálogo cinema e fotografia. A imagem parada atribui ao filme um carácter documental, como evocações de uma memória – ou não fosse um filme sobre o tempo.
O tema do tempo circular viria a ser o móbil de futuros argumentos, décadas depois, como em Exterminador Implacável (James Cameron, 1984) e 12 Macacos (Terry Gilliam, 1995), a obra que compõe a segunda parte da primeira sessão deste ciclo.
Terry Gilliam baseia-se e estende a história de Marker, retirando-lhe a parte do “futuro do futuro” mas expandindo a ação no passado (1996, um ano depois da estreia do filme) com um círculo vicioso, em que o pesquisador, involuntariamente, fabrica o próprio móbil da procura.
No segundo caso, os dois Elephant(s) dialogam sobre a violência inexplicável, refletindo contextos e intenções distintas. Alan Clarke, em Elephant (1989), aborda a violência sectária da Irlanda do Norte com uma representação crua e impessoal. Sem explicações ou narrativas, o filme expõe uma sequência de assassinatos, destacando o vazio e a banalidade do ato violento através de uma câmera que observa com frieza.
Por outro lado, Gus Van Sant, em Elephant (2003), adapta a abordagem de Clarke ao contexto americano, inspirado pelo massacre de Columbine. O filme observa a rotina de estudantes num liceu, criando uma sensação inquietante antes de explodir em brutalidade. Van Sant foca na alienação juvenil e na desconexão emocional, ampliando a discussão sobre as causas sociais e individuais da violência.
Ambas as obras desafiam o espectador a confrontar a ausência de explicações e o impacto da violência, oferecendo reflexões sobre os contextos políticos e sociais que as moldam. Com estilos austeros, Clarke e Van Sant nos fazem questionar o significado dos atos violentos e o que eles revelam sobre a nossa sociedade.
Vem!
(Curadoria de Sérgio Pereira & Alexandre Braga )
“LA JETÉE” 1962 | M/12 | 28’ [FR]
De Chris Marker
A história de um homem forçado a explorar as suas memórias após a devastação da Terceira Guerra Mundial,
contada e ilustrada através de imagens estáticas.
“12 MONKEYS” 1995 | M/16 | 2h 09’ [US] (12 Macacos - PT)
De Terry Gilliam
Num mundo futuro devastado pela doença, um condenado é enviado para trás no tempo para recolher informações sobre o vírus criado pelo homem que destruiu a maior parte da população humana do planeta.
Sexta Dia 13/12 às 19h30
“ELEPHANT” 1989 | M/16 | 39’ [NIRL]
De Alan Clarke
Uma representação de uma série de assassinatos violentos na Irlanda do Norte,
sem qualquer pista de quem é exatamente o responsável ou qual a sua motivação.
“ELEPHANT” 2003 | M/16 | 1h 21’ [US]
De Gus Van Sant
Vários estudantes do ensino secundário cumprem a sua rotina diária enquanto outros dois
se preparam para algo mais malévolo.
Sábado Dia 14/12 às 19h30
Todos os filmes do Cinema PROSA serão exibidos em pixel iluminado (ecrã QLED 65’’) em sala condicionada ao máximo de 24 espectadores.
Preçário
Membros: Entrada livre.
Não-membros: 3€
Trailers aqui: