O ciclo Ciclos Infinitos: O Cinema com Philip Glass celebra a notável interseção entre música e cinema, destacando a importância do trabalho do compositor norte-americano no universo cinematográfico. Philip Glass, uma das figuras centrais do minimalismo, trouxe ao cinema uma nova dimensão sonora, marcada pela repetição hipnótica e pela criação de atmosferas profundamente imersivas. Ao longo das obras apresentadas, o público é convidado a mergulhar em uma experiência sensorial que transcende a imagem e o som, evocando a plenitude do humano e do divino.

Abrimos o ciclo com “Koyaanisqatsi” (1982), de Godfrey Reggio, uma obra-prima que une a cinematografia lírica a uma composição musical de rara intensidade. A música de Glass guia o ritmo do filme, transformando imagens documentais em uma reflexão sobre a relação entre o homem e o planeta. O pulsar das melodias minimalistas ecoa a tensão entre o progresso desenfreado e o equilíbrio natural, uma dança cíclica entre destruição e renovação. É uma meditação visual e sonora que encontra o sublime na imanência do mundo.

Na sequência, “Glass: A Portrait of Philip in Twelve Parts” (2007), de Scott Hicks, oferece um olhar íntimo sobre o homem por detrás da música. Este documentário revela as facetas pessoais e artísticas de Glass, explorando a sua metodologia de trabalho, as influências que moldaram a sua visão musical e o impacto do seu legado no panorama cultural contemporâneo. Através deste retrato, compreendemos a profundidade de um artista que procura incessantemente novas formas de expressão.

O ciclo encerra com “The Hours” (2002), de Stephen Daldry, onde a partitura de Glass assume o papel de um narrador invisível. O compositor eleva a intensidade dramática da adaptação do romance de Michael Cunningham, acompanhando as vidas entrelaçadas de três mulheres em busca de sentido e conexão. A música, rica em nuances emocionais, liga os momentos de angústia e redenção, criando uma ponte entre tempos e espaços.

Além de evocar a genialidade de Glass, este ciclo não deixa de reconhecer a convergência estética com Steve Reich, pioneiro do minimalismo e um dos maiores parceiros de pensamento musical (Colaboraram nos anos 60). As composições de Glass, profundamente ritmadas, ressoam com a busca pela transcendência a partir da imanência, ligando o humano ao divino em ciclos infinitos de melodia e harmonia. Este é um convite para escutar o cinema com outros ouvidos e deixar-se levar pelo poder transformador da música.

Vem!